quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Cabou, mas lá vem mais...

Uns devem estar levantando as mãos para os céus, outros lamentando o fim, e, para alguns, nem uma coisa, nem outra, muito pelo contrário! O fato é que lá se vão mais 365 dias. Aproveitou? Acho que consegui curti todos, aproveitando o que tinham de melhor: trabalhei para caramba, vi muitos shows, filmes, resolvi escrever mais, criei o blog, participei de caminhadas em prol de alguma coisa, retomei minhas aulas de conversação de inglês e comecei as de photoshop, acabei uma especialização, tentei na cara e coragem uma vaga no Folha de São Paulo, conheci gente, fiz novos amigos, tive novos amores e amantes, comecei relacionamentos, terminei outros, reforcei laços de amizade! Ufa!! Mas nem tudo foi alegria, também perdi amigos e parentes. É da vida, não?

E semana que vem se inicia tudo de novo: as novidades e expectativas de um recomeço. Tu-di-nho do ze-ro. Tá, nada impede de recomeçar a qualquer dia do ano. É sempre bom rever o que não deu certo e tentar de outra maneira, a qualquer momento, mas o ano novo dá às novas chances aquele gostinho especial de dessa vez vai dar certo. Gosto dessa idéia de sermos responsáveis pelo movimento da vida. Creio nisso! E essa brincadeira vem embutida na animação do reveillon! E para o ano que vem, vida nova sob todos os aspectos aqui ou em qualquer lugar, fazendo sempre o que se julga ser o melhor, sem agredir ninguém, principalmente, a si mesmo!

Feliz ano novo, amigos. Que 2008 seja O ANO para todos nós!

Imagem: Banco de imagens Google

domingo, 23 de dezembro de 2007

Nada de sapatinhos na janela!

Poucas datas considero tão comerciais quanto o Natal. E o encanto desse dia perdeu seu brilho há mais de vinte anos quando minha avó faleceu 3 dias antes do Natal de 85. As coisas voltaram a ser um pouco interessantes depois do nascimento de Gabriel. Por ele se validam os esforços: fazemos ceia, amigo secreto, ficamos todas e casa. E de quebra, mãe também fica contente.

E, como diria alguém essa semana, ainda temos que agüentar aquelas pessoas que nos sacanearam o ano todo dizendo: "boas festas pra você e sua família!". Que grandes filhos da mãe!! E nem comentei os pobres mortais nas lojas usando aqueles gorrinhos, vestidos de vermelho, no começo do verão, um calor da muléstia! Eu hein!!


Gosto mesmo é do ano novo! As expectativas. 365 chances pra tentar de novo, fazendo igual ou diferente, sei lá! Ver o que deu certo e o que não vamos fazer novamente nem com uma faca no pescoço!! E vem a tal da novidade! O que nos espera nesse ano que chega. Gosto dessa sensação.


Sigo o velho ritual de usar tudo novinho pra chegada do ano. E, como o lado sagrado também fica forte, preciso estar próximo da água: especificamente da praia. Isso é pra que a maré leve tudo o que não deu certo e traga o que tiver de novo aprendizado, acompanhando seu movimento.


Agora é esperar todas aquelas coisas que todo ano aparece: jogo de búzios, cartas, previsões de todo tipo. Ah, tem também aquelas listinhas (que podem ser frustrantes quando se consta que quase nada foi cumprido!). É até uma maluquice divertida!


Que venha então 2008 com todo divertimento, aprendizado, trabalho, amor e grana (que, aliás, facilita muita coisa, né não?!)!

Imagem: Banco de imagens SXC

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Domingo no parque

Nossa que semana! Não consegui escrever uma linha. Faltaram as boas idéias, mas principalmente a vontade de olhar pra uma tela depois de passar um dia inteiro olhando pra outras! Enfim, domingão: zoinhos descansados e muita coisa na cabeça pra despejar aqui. E o dia foi assim: relax. Minha irmã caçula e eu pegamos nossos sobrinhos e fomos curtir o show de Paulinho Moska, ou simplesmente Moska, no Parque da Cidade.

Era o último show do ano. O parque tava lotado! Aproveitando que o calor deu uma pausa, muita gente aproveitou o divertimento gratuito. Bacana ver muita criança grande se esbaldando com crianças um pouquinho menores (incluindo essa que vos escreve!). Compramos cata-ventos e corremos pelos castelinhos. Gabriel e Bleno, como quaisquer crianças de 5 anos, tinham fôlego de sobra. Só pararam mesmo pra um lanchinho (muito rápido, afinal não podiam perder tempo com essas coisas miúdas!).

E assim passamos umas 3 horas, mas pra eles, me deu impressão de ser uns cinco minutos. Ainda assim, acho que valeu. Fiquei pensando em outras crianças que não desperdiçam seu tempo com esses passeios. Que ao menos têm tias, tios, pais ou quaisquer responsáveis pra dar um break em suas agendas e revisitarem aqueles castelinhos (sim, porque todos os soteropolitanos que tiveram infância conhecem aqueles castelinhos!).

Curti bastante esses momentos com minhas tias e mãe e pai quando era possível. Acho que são momentos importantes e muitas vezes fazem a diferença entre os meninos que engordam as estatísticas da polícia e os demais que pensam um pouco antes de enveredar por caminhos duvidosos. Casos como o que vi semana passada no jornal. Um garoto de 13 anos acertou uma faca no pescoço de outro de 15 porque se sentiu ameaçado. Ele pensou, planejou e executou tudo. O crime aconteceu dentro de uma escola estadual aqui no subúrbio.

Não consigo entender o que se passa na cabeça dessas crianças hoje! Porque são tão agressivas! Em parte, acredito que lhes falte um domingo no parque, brincando com cata-ventos. Acredito que lhes falte alguém contando estórias de seu super-herói predileto. E nessa atual conjuntura, parece haver uma conspiração: o ensino, seja público ou particular, há muito chutou a qualidade pra escanteio. Nas instituições do governo, os meninos que têm aula às 13 horas, retornam às 15. No ensino particular, se você não pode desembolsar uma boa grana, seu filho se torna um robozinho. E ele que ouse ser um tantinho mais criativo que os demais!

É um fato. Os tempos são outros. Compreendo a correria, os afazeres, as contas que não esperam, entretanto, esse fenômeno, essa violência gratuita que nossas crianças experimentam merece atenção. É como tudo na vida: cuidar bem no comecinho, cuidando bem da semente pra que a árvore ofereça bons frutos!

Imagem: Banco de imagens SXC

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Minha grande família

Esse vai ser bacana escrever. São quase duas da manhã e acabei de voltar de uma farra! Plena terça-feira (quer dizer, não sei quem inventou dia específico pra fazer farra!). Bom, de fato, agora já é quarta. Pois bem, ontem foi aniversário de mãe. 57 aninhos. Oras vivido intensamente, outras vezes nem tanto.

Desde semana passada minhas irmãs e eu pensávamos no que fazer já que estaríamos todas as “pionas” trabalhando. Ela, como costumeiramente não foi pro serviço. Faz isso desde que me entendo por gente. Disse que não queria nada, só as crianças em casa até o horário de cada uma sair pro trabalho. Deu banho em Rafão (nosso pastor alemão), lavou roupas, atendeu um monte de telefonemas, conversou com o vizinho, cuidou de Angélica e Gabriel, “tudo sempre igual”. Eis que chegou o pretendente a genro, uma tia minha e foi suficiente pra mãe mudar de idéia. Já queria saber a que horas cada uma ia voltar além de meu pai. Resolveu que íamos sair à noite.

A noite foi muito boa e acho que bastante significativa pra ela. Rimos, nos divertimos. Tudo bem família como ela gosta. Nem sempre foi assim. Fiquei pensando como minha relação com minha mãe mudou. Especificamente falando. É que minhas irmãs tinham/têm uma maneira muito fácil de lidar com minha mãe. Obedecem e pronto. Eu não. Quase sempre batendo de frente. Brigávamos muito. Minha relação maternal sempre foi muito bem resolvida com minha avó, mãe dela. Era pra ela que corria quando chegava da escola. Até porque minha mãe quase nunca estava. Trabalhava para sustentar a nós três. Cobrei muito, mas com o tempo compreendi isso.

Às vezes olho pra ela e percebo uma certa tristeza no olhar: distante. A idade, os problemas de saúde, as noites mal dormidas, a decepção com a polícia, corporação pela qual entrou apaixonada. Por vezes parece que minha mãe perdeu o brilho. Mas essa noite não. E foi tão fácil. Era só um pouco de atenção. Me senti bem ali naquele momento. Acho que todos nós. Foi uma festa. Uma festinha particular pra dizer o quanto ela é importante pra nós. É que às vezes, com tanta coisa, a gente se esquece!

Fico pensando no passar do tempo. Coisas que nos machucavam antes, hoje não fazem o menor sentido. Outras que é preciso somente ter. Pensei novamente na facilidade que foi deixar as mágoas e tristezas no passado. Nosso relacionamento parece afinal ter encontrado um rumo. E eu me sinto bem com isso.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Sempre torcedores

Gosto de futebol desde que me entendo por gente. Lembranças das tardes com meu avô quando depois de todos os afazeres parava para “apriciar uma bolinha”. Não lembro se tinha um time predileto, mas a torcida forte era mesmo pra seleção brasileira. Tomei gosto em ver vinte e dois malucos correndo atrás de uma bola e mais uma galera em casa e nos estádios gritando. Torcedora (e claro, sofredora!) do Bahia, não sou nenhuma fanática, curto mesmo é a bagunça, a farra. Contudo, entendo seu mecanismo social: distrair de questões mais profundas.

Há uma semana sete pessoas morreram, despencando junto com parte da Fonte Nova, maior estádio em Salvador (não sei se do estado). Todos os olhos voltaram-se para capital e alertaram para as condições dos estádios pelo Brasil. E por que essa preocupação? Porque inventaram uma copa pra nós em sete anos. E agora a correria é geral: reestruturar estádios, repensar meios de transporte e segurança e outras coicitas más.

Sinceramente acho uma loucura essa copa em 2014. Outros países devem estar melhor preparados para ser sede do campeonato. Não acompanhei o desenrolar da escolha e não entendi porque só o Brasil foi candidato. De mais a mais, fazer parte do melhor time do mundo é bom pra Kaká, Robinho, Júlio César e Ronaldos (suas contas bancárias agradecem cada vez mais). Na prática não tenho (nós não temos) nada a comemorar!

Mas daqui continuo torcendo: torço pelo dia em que se pense em investir mais em escolas que em estádios de futebol. Pelo dia em que se possa garantir o direito de ir e vir do cidadão que vive na cidade sempre, não somente pra inglês ver. Torço pelo dia em que as pessoas possam sair de suas casas pra (também) ver o jogo, mas não tenham que esperar pelo transporte público sucateado. Se é pra torcer, que seja pelo menos por nosso benefício!

sábado, 1 de dezembro de 2007

Melhor idade? De quem é esse conceito?

Sou do tempo em que qualquer assento era assento dentro do ônibus. Não era necessário um banco amarelo, vermelho ou estar escrito lugar reservado para quem quer que seja. Minha mãe sempre nos ensinou a ceder o lugar para pessoas mais velhas, gestantes e deficientes. Algumas passagens essa semana me fizeram pensar no raio de tratamento que estamos dando aos nossos velhos.

Na terça fui ver um lançamento de livro e filme no Teatro Vila Velha. O livro tratava da história dos grupos formados no Vila e o filme Esses moços. Há muito queria assistir. Demorei tanto que saiu de cartaz. A estória é sobre um velho confuso entre o que é passado e presente. Após fugir do abrigo, ele encontra duas menores. As meninas, irmãs que resolveram fugir de sua casa no interior da Bahia, fugir de sua mãe e decidiram morar nas ruas da capital. São muitas as temáticas trabalhadas no filme, mas por alguma razão me apeguei a esta: a maneira como as pessoas são vistas quando a velhice (e seus problemas) vai se aproximando.

E não precisamos de ficção. Diariamente os jornais noticiam os abusos que muitas vezes são cometidos pelos próprios parentes ou pessoas próximas: final de outubro os jornais locais na TV mostraram o assalto acontecido na casa de um senhor de mais de cem anos. Com dificuldade em ouvir, demorou em compreender as ordens dos marginais. Foi agredido e estava bastante machucado. Semana passada um outro senhor, de pouco mais de oitenta anos, apanhou de sua esposa, de vinte e poucos. E, segundo a delegada, essa não era a primeira ocorrência deles.

Ah, claro não podia faltar um episódio. A mãe de um dos meus tantos chefes sofreu um Acidente Vascular Cerebral (derrame) há umas três semanas. Ficou hospitalizada, recebeu alta e hoje se recupera bem com os paparicos de filhos, netos e amigos. Os cuidados passaram a ser bastante especiais e também por isso bastante caros. João (o chefe) descobriu que a pensão de sua mãe fora anulada. E (por favor, pasmem!!) nosso eficiente Instituto de Previdência avisou que só suspenderia a o cancelamento se ela fosse levada até a agência.

E como pode ser isso? Ela está se reabilitando. Uma saída dessas podia ser bastante comprometedora, desastrosa até! É inconcebível que eles não possuam agentes capacitados a visitação. Depois de muita indignação que fazer? Meu chefe foi obrigado a levar sua mãe a uma dessas agências para comprovar que estava viva.

Em que tempo alguém podia pensar numa delegacia especializada para idoso? É preciso haver demanda para se adotar tal passo. E, infelizmente, há. Não consigo entender essa violência, sobretudo dentro da própria casa. Sempre tive uma relação muito especial com meus velhos: tios, avós, amigos. Suas experiências são sempre referência.


Mais que a dor física, creio que a dor da humilhação seja mais difícil de cicatrizar, de lidar! Repensar esse tratamento, particularmente na atualidade em que a expectativa de vida vem aumentando, é válido. E vamos (re)educar melhor nossos meninos pra que possam compreender o que existe de tão especial quando aqueles famosos fios brancos começam a surgir nas cabeças alheias. Afinal, serão eles a cuidar dos adultos de hoje.