sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Conscientizar para libertar: MO-VI-MEN-TO

Poderia enumerar as muitas razões pra estar feliz com a cobertura dada pela imprensa no Cortejo realizado neste 20 de novembro aqui no Subúrbio. Poderia ver simploriamente pelo lado do “ajudei a realizar um bom trabalho de divulgação do evento”, mas dois outros motivos premiaram meu dia ao final das atividades. O primeiro deles é perceber uma mudança de comportamento das pessoas que moram aqui no Subúrbio e que fazem o vinte de novembro cotidianamente, matando um leão por dia. Foi bonita a participação: crianças, jovens, negros, não negros, velhos. Um público que mostrou força, coragem, animação, e, sobretudo conhecimento a respeito de suas raízes e direitos.

A segunda e não menos importante razão é perceber que cada vez mais nós abraçamos as possibilidades – e todas elas - e as entendemos como algo tangível e que também nos pertence. Dessa maneira é possível transformar sonhos em realidades. E, de repente, meninos e meninas suburbanos percebem o sonho mais próximo de suas realidades, com muito esforço, mas de possível alcance, diferente de um tempo em que nos chamavam incapazes e assumimos a atribuição.

A meu ver esse vinte de novembro tem gosto especial: mais de trezentos anos separam a morte do líder Zumbi das eleições presidenciais americanas. Espaço suficiente? Intervalo capaz de absorver todas essas mudanças sociais? Só o tempo pra dizer. Ainda assim, muitas comunidades celebravam o avanço de algumas melhorias em nossa dignidade cotidiana e também festejavam a vitória de Barack Obama.

Muito mais que a música, a capoeira, o futebol. Podemos mais. Queremos mais. Acho que já seria um bom começo pressionar as esferas do governo seja municipal, estadual e/ou federal para decretar feriado nesse dia. É inadmissível que outras cidades tenham passado a frente de Salvador, capital com maior população negra no país, capital da negritude fora de África.

Façamos dos outros 364 dias, outras datas para celebrar - das mais variadas maneiras - nossas conquistas, mas, sobretudo, outras datas para refletir!

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