domingo, 27 de setembro de 2009

CARTA ABERTA AOS ESTUDANTES DA 2ª TURMA DA ESPECIALIZAÇÃO EM ESTUDOS CULTURAIS DA UNIJORGE

E, depois de uma festa surpresa organizada pelos meus incríveis colegas de pós, tinha que fazer um agradecimento a altura da homenagem. Eis que enviei ao email do grupo as seguintes palavras:

Que pressão hein? Acharam até que fosse alguma bomba do MEC, né não?!
É que não poderia deixar de registrar minha emoção não somente pela festa surpresa, mas também por tê-los como colegas, companheiros dessa cachaça chamada educação. Acho mesmo que não há outro caminho pra amenizar essa loucura social que ora se apresenta! Afinal, que mais nos motivaria a deixar de lado a farra da sexta à noite e o sol do sabadão?


Não poderia agradecer um por um a meus colegas, fatalmente esqueceria alguém – visto que ainda não gravei todos os nomes –, o que seria uma injustiça sem tamanho. Agradecerei então nas pessoas de Rafael e Dedé (Débora), companheiros de paletada e fiéis escudeiros até na hora de pegar virose!!!

O curso demorou a sair, mas agora entendo o porquê (por que, porque, por quê, sei lá qual deles mais)! Sinto falta de colegas como Ligia, por exemplo. Oxalá nenhum mais nos prive dos pensamentos diversos e iluminados que fazem nossa turma ser o que é: única.

Brigadão gente!
Beijotchau!

Preparativos

Começou o ciclo de aniversários deste ano aqui em casa. Primeiro Gabriel, eu, Iza. Daqui dois meses, Dea e mãe. Já dizia Cazuza: “o tempo não pára. Não pára, não pára...!”

Ps. Por alguma razão não consigo colocar imagens nas postagens. Acho que é hora de mudar de endereço.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Nuances

Uma carona na estação das flores. Aproveito cores, perfumes, sutilezas, vibrações.
Tudo é inspiração. Agora tenho mais.

Me exponho a esse momento mágico que é saber mais de ti: registros, gostos, canções.

Busco os sabores de tuas palavras, absorvo,
Fotografo em meu olhar as cores de tua tez.

Um tempo único em dégradé, sem ansiedades.

domingo, 20 de setembro de 2009

Meu bom começo de semana

Feliz

Para quem bem viveu o amor
Duas vidas que abrem
Não acabam com a luz
São pequenas estrelas
Que correm no céu
Trajetórias opostas
Sem jamais deixar de se olhar

É um carinho guardado no cofre
De um coração que voou
É um afeto deixado nas veias
De um coração que ficou

É a certeza da eterna presença
Da vida que foi
Da vida que vai

É a saudade da boa
Feliz, cantar
Que foi, foi, foi

Foi bom e pra sempre será
Mais, mais, mais
Maravilhosamente amar

Gonzaguinha

“De lá pra cá, chicotada”

História é uma coisa curiosa. É viva, mutante, adaptável, conveniente. Tenho estudado cada vez mais, embora no meu ritmo, a distância entre o que nos contam do povo negro e sua real contribuição no contexto histórico em Salvador, na Bahia, no Brasil.

Sem perceber me cerquei de conteúdo especial e variado essa semana: tenho acompanhado o alarde feito pela mídia a respeito de uma protagonista negra, bem sucedida, numa novela de horário nobre; assisti o filme Vista Minha Pele e fui, finalmente, ver a peça O Dia 14. As coisas se entrelaçaram de um modo mágico e surpreendente!

Li matérias de mais de cinco canais diferentes, meios diferentes, inclusive. Desde a véspera de estreia da nova novela de Manoel Carlos em que traz Tais Araújo, como uma de suas Helenas, sempre personagem central de suas tramas, o assunto é tratado com entusiasmo e expectativa. Afinal temos num folhetim das 20h, na emissora mais rica de TV do país, uma protagonista negra, modelo de luxo e bem sucedida. Mas , só para não perder o costume, a irmã de Helena é uma criatura imatura, problemática e envolvida com um bandido. Estava mesmo tudo muito fácil, ? É só pra gente não esquecer!

Na quarta-feira, assisti ao espetáculo O Dia 14, dirigido por Ângelo Flávio e também encenado pelo meu amigo, irmão de alma e de luta, Cleiton Luz. Belíssima montagem. Aos trancos e barrancos foi apresentada ao público suburbano no Primeiro Festival de Teatro da região. Falar do dia 13 de maio, qualquer livro de história trata, mas, o dia seguinte parece que perdura até hoje. Então, após três séculos de trabalho, quando nos tornamos politicamente insustentáveis e inviáveis, somos jogados nas ruas, sem dinheiro, sem assistência, completos “invisíveis sociais” e nos amontoamos nas ruas e casebres dando início à favelização da cidade. A peça toda é muito bem costurada.

Não satisfeita, vejo o filme Vista Minha Pele, de Joel Zito Araújo. Na trama os papéis são invertidos: a sociedade de consumo é negra, os produtos são voltados para negros, as festas e homenagens nas escolas privilegiam os negros e os brancos são discriminados e passam sufoco o tempo inteiro. Não diria que esse é um sonho de consumo, mas acho que podia funcionar!

Vai ficando cada vez mais difícil não brigar com o que aí está posto. Vão se tornando nítidas as diferenças. Se até a recente pesquisa do IBGE, me parece, as pessoas tem se declarado pardas mais vezes. Ainda que não concorde com essa denominação ou característica – porque a meu ver não é uma raça – é bom perceber que as pessoas tem se assumido mais. Estamos caminhando a passos lentos. É como no trecho que inicia a peça: “de lá pra cá, chicotada, gente apertada e enjoada”.

Signo de ar

Lembro seu sorriso.
De repente um toque.
Sinto um sol inteiro com você aqui.
Preciso de muito pouco agora.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Tropicália

Sobre a cabeça os aviões
Sob os meus pés os caminhões
Aponta contra os chapadões
Meu nariz

Eu organizo o movimento
Eu oriento o carnaval
Eu inauguro o monumento
No planalto central do país...

Viva a bossa sa, sa
Viva a palhoça ça, ça, ça, ça...

O monumento é de papel crepom e prata
Os olhos verdes da mulata
A cabeleira esconde atrás da verde mata
O luar do sertão

O monumento não tem porta
A entrada é uma rua antiga, estreita e torta
E no joelho uma criança sorridente, feia e morta
Estende a mão...

Viva a mata ta, ta
Viva a mulata ta, ta, ta, ta...

No pátio interno há uma piscina com água azul de Amaralina
Coqueiro, brisa e fala nordestina e faróis
Na mão direita tem uma roseira
Autenticando eterna primavera
E no jardim os urubus passeiam
A tarde inteira entre os girassóis...

Viva Maria ia, ia
Viva a Bahia ia, ia, ia, ia...

No pulso esquerdo o bang-bang
Em suas veias corre muito pouco sangue
Mas seu coração balança um samba de tamborim
Emite acordes dissonantes pelos cinco mil alto-falantes

Senhoras e senhores ele põe os olhos grandes sobre mim...
Viva Iracema ma, ma
Viva Ipanema ma, ma, ma, ma...

Domingo é o fino-da-bossa
Segunda-feira está na fossa
Terça-feira vai à roça porém!
O monumento é bem moderno
Não disse nada do modelo do meu terno
Que tudo mais vá pro inferno meu bem!
Que tudo mais vá pro inferno meu bem!...

Viva a banda da, da
Carmem Miranda da, da, da, da...

Urubus e girassóis

Seguramente faz mais de um mês que estou com esse DVD nas mãos. E olha que queria ver o filme desde ano passado. Por uma dessas “coincidências” acabei vendo hoje, tarde de feriado de 7 de setembro. O filme é O ano em que meus pais saíram de férias, enredo passado na década de 70, ou melhor, especificamente no emblemático ano 70.

É um filme interessante por diversos ângulos: é a última aparição de Paulo Autran no cinema, ainda que muito breve; não é um filme piegas, até porque não havia espaço para tal àquela época, ainda que a mídia e o governo do período pregassem o contrário. Tem Maria do Céu – que adoro –, interpretando Tropicália de Caetano. É uma história bacana, bem costurada com o modo de vida judeu, a repressão da ditadura e, lógico, o tricampeonato brasileiro pela copa de futebol.

No meio dos diálogos há uma constatação do garoto, que seria o personagem central da trama. No intervalo de uma das partidas eliminatórias, ele avisa: “o Brasil está ganhando!”. Faço dessa constatação um questionamento: E o Brasil? Está ganhando?

Hoje, ouvindo o noticiário da rádio, a matéria mais importante foram os 4 módulos policiais metralhados na madrugada. Três policiais militares feridos, fora de perigo, 3 suspeitos baleados e mortos. A cúpula da polícia fala em represália a uma transferência de um preso perigoso. Temos um cenário político envolto em neblina até às tampas, com seus atores completamente desacreditados. O poder público está desacreditado!

Sábado, há dois dias, tivemos um jogo de futebol: Brasil x Argentina, em território vizinho. 3x1 pra seleção canarinha. Na próxima quarta, 09, o baba será aqui, em Salvador, contra o Chile, acho. Mais um capítulo da política do pão e circo. O dinheiro investido no estádio não foi suficiente para melhorar a infraestrutura e, mais uma vez, as ruas de acesso ao estádio serão fechadas duas horas antes do jogo, atrapalhando o retorno pra casa de quem mora na região ou precisa passar por ali.

Mas, me diz aí: E o Brasil? Está ganhando? Podia ficar aqui gastando bits, apontando causas e motivos que passeiam pela violência, educação de baixa qualidade, desemprego, tudo entrelaçado! Então, deixando de lado a coincidência, que melhor data teria para o questionamento: E o Brasil? Está ganhando?

Imagem: Google

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Mãe de sagitário

Ela diz que não se importa, que isso cansa, que cada uma que se vire. Bobagem! Com essa de ficar em repouso em casa minha mãe tá aproveitando pra exercer seu papel. Se ser mãe, por si já outorga aquela tal sensação de pertencimento, imagina só o que é ter uma mãe de sagitário? Aquele signo insuportavelmente apaixonado, entregue e visceral até a unha? Calma aí, não é uma queixa, é simplesmente uma constatação. Não sei se sua é assim, sequer se ela é de sagitário, mas a minha é capaz, ainda hoje, de nos colocar numa bolha, se sonhar perceber perigo.

A pois. Minha irmã caçula – outra sagitariana – já andava meio debilitada. Cortou carne e mais um monte de alimentos sem substituição adequada e, claro, o corpo reclamou. Quase pega uma anemia. Mãe reforça a alimentação dela todos os dias pela manhã, desde então: mingau de santo Antonio (ou de cachorro, como queiram), gemada, mastruz com leite. Afemaria!

Depois do susto que levei há dois dias indo parar na emergência, ela avisou quase em tom de ameaça: “a partir de amanhã, vai cair na gemada também!”. Não tenho problemas em tomar gemada, nem mesmo o mingau, feito de farinha, água e alho. O mesmo já não posso dizer do mastruz com leite. Isso e chá de camomila são das poucas coisas naturebas que não descem nem rezando. Mas, fazer o quê? Ordens são ordens! Ai de mim se disser que não tomo. Arma-se um drama pra núcleo da Record nenhum botar defeito.

Nem dá pra ficar aliviada com o fim do repouso ou recuperação plena. Ela vai continuar trazendo todo dia pela manhã, para mim e para minha irmã, aquelas canecas. Sempre cheias de alguma coisa. E a gente agradece!

Imagem: Sagitário em google

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Paracetamol, suco e cama

O preconceito é um sentimento interessante. Precisei de atendimento médico de emergência ontem à noite e o que tive de mais próximo e mais rápido foi o PA (pronto atendimento) de Pirajá, praticamente atrás de minha casa. Mantido pelo município o posto estava cheio, aliás, como sempre. O atendimento, contrariando minhas expectativas, foi rápido, e ainda fui assistida por um médico atencioso. Desses que olha na sua cara, pergunta, conversa e explica a você e ao acompanhante. Um milagre? Pouco provável. Acho que foi minha cara de dor mesmo!

Depois de muito papo e o aviso que se não melhorasse era prudente ir direto a um hospital, fui diagnosticada com virose, o médico me mandou para sala de medicamentos. Aliás, depois que esse termo virose caiu na seleta roda de medicina, nunca mais ninguém teve gripe forte, mal estar, nada específico. Todos somos acometidos de um mesmo mal. Não sei se o susto com o tamanho das seringas, fato é que passei mal depois da medicação. Precisei ficar mais um tempinho dentro do posto. Fiquei em observação.

Não gosto de ir a médico. Detesto remédios. Me dou bem mesmo com os chazinhos e alternativas caseiras, quase sempre naturais, da vovó. E foi, segundo o médico, o que tornou minha situação menos grave. sempre tomando chá de alho, hortelã, com limão, sem limão, uso própolis com frequência, essas coisas. Bicho grilo, mesmo. A maioria dos remédios antes de me fazerem bem, me afetam bastante.

Cá estou agora. Parada forçosamente por dois dias, pelo menos, segundo orientação do doutor Juarez. Revendo alimentação e ritmo de vida.

Imagem: google