segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Divã

Hoje fui ao cinema porque sinto que estou surtando. Depois de quase três semanas escrevendo projetos para mestrado e artigos, precisava oxigenar as ideias, a cabeça. Precisava respirar algo não acadêmico. Quase 1 mês tentando entender porque algumas vezes na história o ser humano é tão perverso, tão orgulhoso de si mesmo e diminui, oprime e menospreza o outro.


Primeiro passo pra tentar amenizar: parei de assistir jornais. Ouço umas coisas vez em quando, mas, para uma jornalista viciada em notícia, isso é torturante. O problema nem é a quantidade de desgraça veiculada, mas compreender que isso é real e vai piorar. O problema é entender o processo todo até chegarmos a essas desgraças que vemos hoje.


Tava dando looping nas atividades e resolvi fechar tudo: notebook, livros, cadernos, guardei as anotações. Chequei pela internet, escolhi o filme, banho e rua.

Ainda no ponto de ônibus uma dessas cenas de telejornal sensacionalista. Ouvi gritos desesperados. Depois os pedidos de socorro e, de repente, sai um rapaz com o rosto ensangüentado. Ele apoiava a cabeça com as próprias mãos e corria sem rumo pela rua. Depois mais gritos. Uma mulher procurava a vítima, chamou um outro rapaz que passava de moto e seguiram, talvez para o posto de emergência da outra rua. Ela gritava que foi uma facada.


Nunca um ônibus demorou tanto. Logo os vizinhos se amontoaram na entrada do vilarejo. Mais gritos. Outro rapaz sai prometendo morte, o serviço ainda não tava acabado. Que cena. A polícia chega, mas parece desconhecer o fato. Os agentes na viatura pareciam só estranhar o movimento. Até onde ouvi é uma dessas confusões entre vizinhos que vem durando há algum tempo. Finalmente o ônibus!


No caminho fui pensando no que acabara de presenciar. Por que eles chegaram até ali, até aquele ponto (e que ainda não era o desfecho da história). Por que as pessoas andam verdadeiras bombas relógio?! Por que hoje é mais fácil atirar, puxar uma faca? O que foi mesmo que houve com o diálogo?

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