terça-feira, 27 de março de 2012

Mas, afinal, quem é a mulher de hoje?

Convidamos algumas dessas incríveis mulheres para dar seu parecer sobre esse questionamento. Confira.

Mayana Soares, pesquisadora das temáticas que envolvem gênero, feminilidades, sexualidades, acha difícil ser específica nessa resposta. “Não sei responder, exatamente, ‘quem é a mulher de hoje’, mas gosto de pensar assim: ‘o que faz da mulher de hoje, mulher?’, ‘o que é ser ‘mulher’ na atualidade?’ Com certeza, esta designação de gênero é complexa e nos possibilita inúmeras reflexões. Acredito que os gêneros são construídos discursivamente ao longo da história e resignificados a partir de modelos sociais estabelecidos em cada sociedade. Nesse sentido, entendo que nos tornamos mulher (assim como nos tornamos homens, trans, dentre outros gêneros) através de uma série de discursos que são produzidos socialmente.”, pontuou.

Também, para ela, infelizmente, nossa sociedade brasileira ainda é marcada por representações diversas que relegam à mulher a condição de subalternidade em relação ao homem, se amparando na biologia para fundamentar para tal pressuposto, o qual vem, ao longo do tempo, se mostrando tão equivocado quanto falacioso. “Desse modo, considero que ser mulher é muito mais que possuir um órgão sexual e seios, é sentir-se pertencente a um universo de representações simbólicas que caracteriza esta identidade de gênero, não amparada na desigualdade de gênero e de sexo, e sim na diversidade!”, assegurou a pesquisadora.

Já a Historiadora e Cientista Social Simone dos Santos Borges desconfia que a mulher de hoje seja a mesma do passado, porém com outro olhar sobre a realidade que a cerca. “Acredito que as dinâmicas que envolvem este sujeito, na atualidade, fazem assumir papéis de mãe, amante, trabalhadora, intelectual, desprendida de normas e amarras de outrora que a impossibilitavam, sobretudo do exercício da sua liberdade e individualidade. Não consigo conceber a emancipação feminina como um processo de superação de limites ou conquista de papéis na sociedade. Somos representadas como sujeitos livres, independentes e que a cada dia afirma seu espaço.”, afirmou Borges. Então, para a historiadora, ser mulher é ser “um sujeito em construção”, que a depender da época e contexto em que estiver inserida assumirá diferentes papéis na realidade que a cerca.

Francisca Vasconcellos, mestranda em Desenvolvimento Regional e Urbano e Diretora Executiva do Instituto INTEGRO, assegura que a mulher de hoje busca ser dona do seu próprio destino, a partir da independência intelectual, emocional e financeira. “Não é à toa que as mulheres estão mais presentes nas universidades, é porque elas sabem que só se emanciparão da condição de objeto dos desejos e determinismos do patriarcado através da educação. A educação proporciona às mulheres condições dignas de trabalho, ainda que a desigualdade salarial de gênero persista, mas chegaremos lá, como temos feitos há séculos.” Francisca lembra que já conquistamos o direito de votar, de escolher e, principalmente, nos libertamos dos tortuosos cintos de castidade e espartilhos e de tantas outras formas de poder e violência a que já fomos submetidas socialmente e, infelizmente, ainda somos em alguns países fundamentalistas. “Nos resta, agora, conquistar a paz em nossos lares. A Lei Maria da Penha está em franca implantação e com a sua aplicabilidade certamente teremos uma sociedade mais justa e igualitária nas questões de gênero no nosso país.”, entusiasmou-se.

Vasconcellos pontuou que o maior obstáculo ainda é a miséria, a pobreza extrema e, sobretudo, a violência doméstica a que milhares de mulheres são submetidas todos os dias no Brasil e no mundo. “As políticas públicas voltadas para as mulheres são muito recentes e não são abrangentes. Não podemos desconsiderar que a mulher acorda e dorme trabalhando, seja no cuidado do bem estar dos filhos, na administração do lar, no atendimento aos desejos e necessidades dos seus companheiros, enfim, no trabalho doméstico que é invisível socialmente, ela ainda tem que contribuir para a melhoria da renda, muitas vezes no trabalho informal que também não lhe dá garantias de uma vida tranqüila. O fato é que suas próprias necessidades, desejos e sonhos estão sempre em segundo plano. Há muito o que avançar, é uma luta árdua, constante, cotidiana das mulheres de provar socialmente que a fragilidade feminina nunca existiu e que nada mais é do que um sofisma de uma sociedade construída em pilares do fundamentalismo religioso e da propriedade patriarcal.”, enfatizou Francisca.

Do alto de suas sete décadas, recém completadas, a mestra em administração Matilde Schnitman assegura que a mulher de hoje é a mesma do sec. XIX, a mulher de 30 - a ‘balzaquiana’ descrita por Honorè de Balzac: “Só que de terno masculino feminilizado - o ‘terninho’, que nada tem de terno (de ternura). Tanto quanto o espartilho, o ‘abafa fogueira’, o ‘esconde o pecado de ser mulher’. Hipocritamente masculinizadas ou, na melhor das hipóteses, amputadas na feminilidade para adentrar esse modelo fálico de sociedade, embora não mais precisemos do falo para exercer a maternidade, se a queremos. Ainda assim, subassalariadas porque mulheres são? É essa a mulher do seculo XXI? Ou são as meninas, adolescentes, travestidas de mulheres adultas, desfilando nas passarelas a meninice perdida a acender ganas sabe-se lá de que jaez? Talvez sejam aquelas de feminilidade adulterada, as "bombadas" via "bundox", "airbags" e outros que tais - as "cachorras", as "minas" os "aviões"... Contorcidas e contorcendo-se inclusive em poses submissas para alegrar? Satisfazer? "Piriguetes" par a salvar quem do perigo? Machos hesitantes necessitados de sexo "perfomático"?”, apontou Schnitman.

Ela complementou ver só isso na mídia, veiculado nas revistas, na televisão, na maioria dos programas "femininos". “Sem contar com aqueles que nos botam na cozinha para fazer comidinhas para eles ou enfeitinhos para o lar. Isso sem falar nos aglomerados frenéticos onde nossos jovens são comandados via telão. É isso que mostram aos nossos jovens rapazes e as nossas filhas e netas o que é ser mulher. Não por outro motivo a história muda só a embalagem. E se repete, se repete, se repete.”, explanou Matilde.

Ainda para ela as mulheres de verdade existem, mas a mídia as esconde. “São péssimos exemplos para uma sociedade que anda para trás, apesar de todo avanço. Sociedade que tem medo de mudar, que precisa mudar, mas luta para manter tudo como sempre foi e deverá ser! Tudo como antes, nos monastérios medievais. Apesar de tudo, sou otimista. Mais dia menos dia adentraremos, altaneiras, o século XXI. O que não sei é se terei tempo de ver acontecer.”, finalizou.

Mulheres especiais

Matérias especiais preparadas para o Dia Internacional da Mulher.

Espero que curtam.


Mulheres sempre em construção
Ser mãe, executiva, mulher, amiga, amante, dona de casa. Tantas atribuições não são suficientes para algumas mulheres que, ainda com a jornada por vezes tripla de trabalho, adentram universos outrora tipicamente masculinos. Entre as décadas de 40 e 90 percebeu-se um aumento de 2,8 para 22,8 milhões de mulheres com participação ativa no País, um crescimento de 16%, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – Dieese. Também de acordo com a instituição, em 2005, para cada mil pessoas economicamente ativa na capital baiana, pelo menos 829 eram mulheres.

Em nível local, de acordo com informações da Pesquisa de Emprego e Desemprego na Região Metropolitana de Salvador - PED-RMS, sob a ótica ocupacional, o mercado de trabalho da região apresentou desempenho positivo em 2011, movimento que consolida uma tendência de melhoria iniciada em 2004. O aumento das oportunidades de trabalho nos anos recentes foi acompanhado pela redução na taxa de participação da força de trabalho no mercado laboral regional para níveis nunca antes experimentados na região. No último ano, a incorporação feminina na População Economicamente Ativa regional sofreu retração, movimento que contrasta com a tendência registrada nas últimas décadas. A Taxa de Participação desse segmento populacional passou de 51,3% da População em Idade Ativa (PIA) feminina, observada em 2010, para 49,3% em 2011.

Reconstruindo
A falta de mão de obra para atender o boom da construção civil dos últimos anos transformou os canteiros, abrindo espaço para mulheres num reduto tradicionalmente masculino.

Em 2007, elas eram 109 mil. Em 2010, chegaram a 189,3 mil. Ainda representam um universo pequeno -7,67% do total de 2,4 milhões de trabalhadores do setor-, mas avançaram em territórios considerados tabus. Se antes elas estavam apenas cozinhando ou ajudando na limpeza, agora atuam como pintoras, pedreiras, carpinteiras, operadoras de guindastes, caminhões e máquinas pesadas.

De acordo com a empresária e diretora comercial da Arc Engenharia, Virgínia Bittencourt Passos Tanajura, o Brasil, em pesquisa realizada há quase dez anos pelo Fórum Econômico Mundial, com 58 países, ocupava o vergonhoso 51º lugar na desigualdade entre oportunidades de trabalho entre homens e mulheres. Era a pior colocação da América do Sul. “A situação se agravava quando se tratava de Nordeste, onde impera o machismo, sobretudo no mercado da construção civil, predominantemente dominado por pelos homens. A exclusão das mulheres é, na maioria das vezes, tão sutil que nem mesmo elas percebem que ganham menos, têm menos chances de promoções ou chefia.”, apontou.

Virgínia lembra que também desde 1988 a Nova Constituição garante igualdade entre os sexos. Ressalta que o processo de mudança é lento, ainda que contínuo, e é necessário que as mulheres conheçam seus direitos e cobrem pra que sejam respeitados. “Não necessitamos de regalias, queremos o mesmo tratamento que é dispensado aos homens. Até na educação básica de nossos filhos, temos que nos preocupar em mostrar a igualdade, ser contra a discriminação e os estereótipos ‘loura burra’, mulher grávida que não produz, etc.”, destacou a empresária.

Os homens confirmam que a finalização dos trabalhos na construção, com a limpeza e o rejunte, ganha um toque de cuidado e os detalhes são mais minuciosos quando realizados pelas colegas. Os únicos privilégios aqui são o banheiro separado e um cantinho pra guardarmos nossos objetos pessoais. “No mais, trabalhamos muito como qualquer um aqui.”, disse Elenice Pereira, uma das operárias.

Por força das circunstâncias, as mulheres são obrigadas a estudar mais que os homens. Hoje é expressivo o número de mulheres na graduação e pós graduação, superando o percentual masculino. Também são elas que lideram o ranking quando o assunto é mestrado e doutorado no Brasil.

No que diz respeito à construção civil, a inserção feminina aponta uma tendência de humanização na área e que se reforça na qualificação da mulher. “Em geral as mulheres aprimoram mais os estudos e estão mais qualificadas para desempenhar as funções. O diferencial é o aprendizado técnico, explicou a engenheira civil e mestre em análise regional, Rosana Leal. Ainda, para ela o desempenho tem sido tão significativo que algumas vagas passaram a ser priorizadas a elas. “O acabamento, a etapa final, é frequentemente realizada por elas. Os engenheiros justificam que são mais cuidadosas, detalhistas e econômicas com os materiais.”, finalizou Leal.

terça-feira, 6 de março de 2012

Você nunca leu meu blog!

Assim que saiu comecei a me coçar. Às vezes até acho graça do modo como meu corpo tem reagido a cada discussão nossa. Incrível! Sua garganta fecha e eu entro numas de me encher de bolhas pelo corpo. A cabeça da gente é um mistério!


Chegou aqui, despejou tudo o que queria. Pareceu estar aliviado. Eu fiquei ali com aquele buraco no meio da noite (além das bolhinhas, claro!). Mais uma vez fiquei pensando no porquê a gente não consegue mais. Amor, diálogo, querer bem já não são mais suficientes. Existe sim, a tal ferida aberta que não conseguimos deixar cicatrizar.


É como disse. A ficha caiu. Não sei como ter a tal leveza que precisamos. Não consigo não imaginar onde está, quando diz que tá chegando e não aparece nunca e nessas horas os pensamentos são os mais sórdidos possíveis. É, de fato, um sentimento de posse doentio. Isso não se sustenta e não faz bem a ninguém. Talvez seja inevitável encarar as coisas como estão: sem retorno e sem tempo.


Em conversa com um amigo esses dias disse que havia percebido como sentia frustrada em alguns aspectos de minha vida atualmente. Sem dúvidas nossa relação é um ponto. É triste perceber que as coisas se perderam desse modo e não consigo entender como ou em que momento. Funcionávamos e era muito bacana.


Ainda assim, é estranho pensar em nós separados. Planos, projetos, sonhos divididos. Intimidade partilhada, expectativa de envelhecer ao lado um do outro. Amigos em comum, pessoas conquistadas. É difícil me imaginar sem você. Mas tudo é um aprendizado, não é mesmo?


Queria que visse coisas de minha vida que nunca demonstrou querer saber. Deve ter algo que possa não ter demonstrado interesse. Seguramente! Acho que nunca leu meu blog. Lembrei que era difícil acompanhar seus mergulhos também, sobretudo os que vinham logo cedo pela manhã!


Vejo amigos se separando e deixando um vulto de rancor e mágoa. Não queria isso pra nossa história. Acho que não queria nem mesmo a separação, mas é como disse: é preciso deixar voar. O que mais é possível fazermos? Vejo as fotos, leio mensagens antigas, recorro às primeiras delas. Não é somente o saudosismo de um tempo bom, inicial, é a vontade de retomar as sensações. Sem saber, no entanto, como fazê-lo.
Penso. Penso muito e é bacana lembrar nossa amizade. A admiração mútua. A torcida!


Vou organizando as ideias no texto, pensando em como adequar à situação. Os prós, os contras. As vontades, o que se quer e o que, de fato, é oferecido. Idas e vindas que, agora, não fazem sentido algum, só se aglomeram sem fechar um pensamento conclusivo.


Volte amanhã!

sábado, 3 de março de 2012

O povo mais antigo do mundo

Matéria especial sobre o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. Preparado por mim para o Instituto Integro, onde faço assessoria de imprensa. Foi revigorante escrever e me envolver.
Uma forma diferente de lembrar a data, estabelecida pela ONU há sete anos, é apresentando a Sociedade Israelita da Bahia. Aqui, segundo a Confederação Israelita do Brasil, se estabeleceram os primeiros judeus, ainda no período colonial. 
Meus agradecimentos especiais a minha mestra Matilde Schnitman, primeira judia que conheci e a quem sempre recorro - e não me canso - aos ensinamentos!


No meio da movimentada Joana Angélica, próximo ao Fórum Rui Barbosa, uma casa pintada de azul e branco é logo identificada por trazer a chamada “Estrela de David” na entrada. Assim que adentro, impossível não ver a placa que, em outros idiomas além do Hebraico, lembra os aproximadamente 6.000.000 de judeus assassinados no Holocausto – incluindo 1.500.000 crianças – representando um terço do povo judeu naquela época.

O Rabino Ari Oliszewski, que é também Diretor Comunitário da SIB, me contextualiza nos números: São aproximadamente 15 milhões de judeus no mundo. “É o povo mais antigo e também o mais castigado”, afirma. Me fala ainda das influências judaicas no Brasil, sobretudo no Nordeste. Cita palavras presentes em nosso vocabulário como Ceará, que em hebraico quer dizer vento muito forte, característica do estado nordestino ou ainda Amazônia, que vem do termo Mazón, que hebraico significa comida, elemento farto na região.

Para o Rabino é importante fazer a ligação entre as religiões e, por isso, sempre que possível a SIB promove encontros com os vários líderes espirituais na capital baiana. Afirmou que a Sociedade quase sempre se mantém fechada em suas atividades por uma questão de segurança. “O povo judeu, ainda hoje, é um povo muito perseguido. Os atentados terroristas ocorrem e os culpados não são castigados, então nossa sociedade se mantém fechada em todos os lugares.”, explica o líder espiritual.

Ele faz uma crítica às coberturas jornalísticas que atribuem ao povo israelense uma conotação de crueldade: “Israel não faz guerra santa. Não existe esse conceito em nossa cultura ou religião. Os confrontos na Faixa de Gaza, por exemplo, quando crianças acabam sendo vitimadas por tropas israelenses logo viram destaque. Mas ninguém se pergunta o que crianças estavam fazendo ali, na região de conflito, jogando pedra em soldados israelenses. Nós não atacamos, nos defendemos. Nossas baixas, geralmente, ficam abaixo das dos terroristas que utilizam mulheres e menores como escudos. Em guerras e conflitos nossas crianças e mulheres são colocadas atrás dos soldados, são levadas para longe. Cuidamos de nossa população. Essa é a diferença! A mídia não coloca isso, é triste.”, esclarece.

Trabalhando para melhorar o universo a toda hora
Apesar de tudo isso os judeus também são conhecidos por sua alegria e histórias de superação constantes. “A ideia fundamental do Judaísmo é melhorar o mundo”, assegura o Rabino. Segundo dados, Israel investe muito em energia solar, por exemplo, com engenheiros na vanguarda desse tipo de tecnologia. Suas empresas trabalham em projetos ao redor de todo o planeta. Mais de 90% dos lares israelitas utilizam energia solar para esquentar a água, o que dá uma economia de 8% em seu consumo de energia anual.

Israel também está em primeiro lugar entre os países do Oriente Médio no Índice de Desenvolvimento Humano, publicado pela ONU, além de ser considerado pelo FMI uma das 34 economias avançadas do mundo e o país mais avançado da região em termos de regulamentações empresariais e competição econômica.

A educação é assunto muito sério em Israel. Sua população é chamada de “o povo do livro”. Tem a maior esperança de vida escolar do sudoeste da Ásia estando empatado com o Japão na segunda maior esperança de vida escolar do continente asiático. O primeiro lugar é da Coréia do Sul. O país também tem a maior taxa de alfabetização do sudoeste asiático, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas e o ensino é obrigatório para crianças na faixa etária entre três e dezoito. A escolarização é dividida em três níveis - da escola primária (séries 1/6), escola média (séries 7/9) e ensino médio (séries 10/12) - terminando com uma série de exames de matrícula em várias matérias. As notas nestes exames constam no diploma nacional padronizado - o diploma Bagrut. Proficiência em temas fundamentais como matemática, bíblia, hebraico, literatura hebraica e geral, inglês, história, educação cívica e uma matéria eletiva é necessária para receber um certificado Bagrut.

As oito universidades públicas de Israel são subsidiadas pelo Estado. A Universidade Hebraica de Jerusalém, a mais antiga universidade de Israel, e a Biblioteca Nacional de Israel, possuem o maior repositório de livros sobre temas judaicos. A Universidade Hebraica foi classificada entre as 100 melhores universidades do mundo pelo prestigioso ranking acadêmico ARWU. Em um levantamento mais recente, de 2009, esta mesma universidade foi classificada na posição 64ª no mundo (e quarta na região da Ásia e do Oceano Pacífico).

Outras grandes universidades do país incluem o Technion, o Instituto Weizmann da Ciência, Universidade de Tel Aviv, Universidade Bar-Ilan, a Universidade de Haifa, e Universidade Ben-Gurion do Negev. As sete universidades de pesquisa de Israel (com exceção da Universidade Aberta) foram classificadas entre as 500 melhores do mundo. Israel ocupa terceira posição no mundo em número de cidadãos que possuem diplomas universitários (20% da população).

Com índices tão positivos não é difícil encontrar a razão para a quantidade de Prêmio Nobel recebido por israelenses, de acordo com o Rabino. Para ilustrar a informação ele abre uma relação de invenções presentes em nosso cotidiano e afirma que seus criadores são todos judeus: “o microship da Intel, o pendrive, o jeans, a vacina da penicilina e poliomielite, sistema de rio artificial, sistema de irrigação artificial em condomínios. Todos os seus inventores são judeus, mas o mundo desconhece isso. Além do mais, temos muitos Prêmios Nobel da Paz, da Literatura”, assegura. Apresentou também uma lista de celebridades que seguem (ou seguiam) o Judaísmo: Wood Allen, Barbara Streisand, Jerry Lewis, Steven Spilberg, Ben Stiller, além de Einstein, Freud, Paul Newman, Calvin Klein e, em âmbito local, o governador Jaques Wagner e o radialista Mário Kertész. “A situação de perigo constante fez com que os judeus aprendessem a sobressair sempre”, pontua.

Shoáh
Uma ferida que não se cicatriza. O Rabino Ari explica que a palavra Holocausto não guarda a verdadeira dimensão do que foi o episódio. Traduzido para o Hebraico, o termo quer dizer, sacrifício a Deus e por isso não se encaixa. A palavra que melhor descreve o assassinato de seis milhões de judeus é a Shoáh. “Mas não há tradução para a Shoáh. É Shoáh! Nenhum outro adjetivo pode descrever o que foi aquilo: genocídio, assassinato, matança. É tudo isso e mais!”, finaliza.


Perfil do Rabino Ariel Oliszewski
Argentino, 35 anos. Mora em Salvador desde 2009. É mestrando em Pensamento Judaico e Literatura Talmúdica, em Israel. Possui duas formações: Bíblia e Pensamento Judaico, ambas pela Universidade de Haifa, em Israel. Rabino ordenado tanto pelo Seminário Rabínico Latino Americano, como também pelo Machon Schechter.

Palavra libertadora...

Saudades desse espaço. Não havia me dado conta do tempo...

Vamos nós mais uma vez!

Até breve!

Observatório registra 288 casos de discriminação no Carnaval

Durante os seis dias do Carnaval  em Salvador, 288 denúncias de casos de discriminação racial foram registradas pelos sete postos do Observatório da Discriminação Racial, Violência contra a Mulher e LGBT, implantados nos três circuitos oficiais da folia – Dodô, Osmar e Batatinha (Barra, Campo Grande e Pelourinho, respectivamente).  O Observatório é um órgão vinculado à Secretaria Municipal da Reparação (Semur).

O estudo revela que a cada dia da maior festa de rua do planeta, aproximadamente, 50 pessoas foram discriminadas em algum momento da folia, em um dos três circuitos oficiais. Além dos dados sobre racismo, o Observatório registrou, ainda, as denúncias de violência contra a mulher (188) e de homofobia (18 casos).

De acordo com o secretário municipal da Reparação Ailton Ferreira, os dados recolhidos pelo órgão possiblitam que determinados comportamentos sociais, que insistem em ser negados, possam ser revelados. “O racista não deixa de discriminar porque é Carnaval. Ele também veste abadá e vai para a rua. Por isso, o principal papel do Observatório é educar”, afirma Ailton Ferreira.

Denúncias
O número de denúncias aumenta a cada ano. Em 2011, foram registradas no Observatório 237 casos, 51 a menos que este ano, uma diferença de 21,5%. No Ministério Público da Bahia, entre os anos de 1998 e 2011, foram registrados 836 casos de injúria racista e de racismo.

Coordenador nacional da União de Negros pela Igualdade (Unegro), Jerônimo Júnior, acredita que o aumento das denúncias é reflexo da conscientização da população: "O Carnaval é reflexo da sociedade. Por isso consideramos que não houve aumento, mas sim a percepção de uma realidade existente, pois a formação de nossa sociedade é racista",  explica o  Jerônimo.

As informações são do jornal A Tarde | Maíra Azevedo